Eletroblocks: LITE é berço de empreendimento com bloquinhos eletrônicos

Ex-bolsistas do LITE e formados em Engenharia de Computação na Universidade de Itajaí, Eduardo Gomes e Julia Peron são a mente por trás dos Eletroblocks, um produto que, segundo Gomes, é difícil de se definir. O conceito geral do produto são blocos que se conectam, mas com o diferencial de que são magnéticos e eletrônicos. Porém, a jornada para chegar no resultado ideal dependeu de muitos fatores fazendo com que levasse bastante tempo, e tudo começou no laboratório maker do LITE.

Julia e Eduardo eram bolsistas do LITE e abordavam assuntos da cultura maker como robótica e eletrônica para crianças e jovens do projeto. Eles notaram uma dificuldade na compreensão de eletrônica, eles não conseguiam fazer com que os alunos compreendessem o assunto de forma profunda. Gomes conta que um dia o coordenador do projeto, André Raabe, chegou com uma ideia para ajudá-los. “[Ele] chegou para a gente com bloquinhos de madeira e esses bloquinhos tinham um intuito de facilitar o uso de componentes eletrônicos. Cada bloquinho tinha um componente eletrônico dentro e tinha pregos para conseguir conectar fios de aparelhos, conectando um bloquinho no outro por meio de fios fazia com que, por exemplo, um motor girasse enquanto pegava a energia de um fio e passava para o outro. Era uma forma um pouco mais lúdica, um pouco mais dinâmica também de mostrar como os componentes eletrônicos funcionavam.”, conta o engenheiro da computação.

Depois da experiência com os alunos do LITE, Eduardo começou a olhar para os bloquinhos eletrônicos como uma possibilidade de empreendedorismo, pensou na estética deles e na funcionalidade. Depois de analisar e observar ele pensou em criar esse projeto para tornar componentes eletrônicos mais acessíveis e modulares. Então, ele submeteu o projeto a um edital de inovação em Santa Catarina. “Eu fiz um vídeo caseiro que ficou bem legal e submeti junto com um monte de informações, foram vários processos, várias etapas e os eletroblocks foram aprovados. A partir dali eles começaram a ser desenvolvidos como um projeto e como um produto de fato.”, afirma Gomes.

A engenheira Julia, que entrou como sócia do projeto, explica que o LITE teve uma grande importância para o projeto. “Foi um ambiente interessante que se difere bastante de outros laboratórios de pesquisa, no LITE eu me sentia muito a vontade por ser um ambiente que abrigava nossas ideias.” Para ela a liberdade recebida durante sua bolsa, tanto de ter acesso aos equipamentos da cultura maker como para desenvolver projetos pessoais, facilitou o processo de criação dos Eletroblocks. Eduardo afirma que o LITE foi o berço do produto, o lugar onde o projeto nasceu. Apesar do projeto ter crescido e saído do laboratório para seu aprimoramento, o elo entre os Eletroblocks e o LITE, hoje, é o Dr. André Raabe. “Ele ainda continua, de alguma forma dentro do projeto, não como sociedade, não como desenvolvedor, não como tomador de decisões, mas como um parceiro do projeto. Hoje ele permite que usemos o LITE para gravação de conteúdo, ele nos ajuda em elementos chaves, podemos entrar em contato e receber a ajuda dele.”, explica.

Apesar dos Eletroblocks serem úteis na cultura maker, eles são um produto portátil. Os blocos eletrônicos podem ser utilizados em brincadeiras infantis, em explicações escolares e em qualquer contexto que a criatividade do consumidor permitir. Gomes explica que eles são como uma ferramenta de criação que pode ser aplicada em diversas áreas. O produto possui um material de apoio que aborda o conceito da eletrônica e da robótica de forma mais leve, por meio de associações com os bloquinhos. As bases teóricas e pedagógicas ficam por conta dos professores que o utilizarem. “A empresa Eletroblocks produz um  material, uma ferramenta. Então, hoje, entendemos que dependendo da mão onde o produto estiver ele vai se adaptar a esse contexto. Então, sabemos que na mão de professores maker que tem essas bases teóricas e que seguem algumas linhas, os Eletroblocks podem ser essa ferramenta para enfatizar aquele método de ensino.”, acrescenta Peron.

O processo de produção dos Eletroblocks foi uma longa jornada, Eduardo começou sozinho e quando viu que precisava de ajuda procurou sua colega de profissão. Julia entrou na sociedade para cuidar da construções dos circuitos, a área mais eletrônica. Enquanto isso, Gomes permaneceu nas outras áreas de desenvolvimento. Para eles, as dificuldades iniciais no projeto foram administrativas e de idealização de um produto possível de ser construído. Peron compartilha dessas dificuldades: “Eu estava bem crua, recém-formada na universidade a gente não tem tantas informações de como trabalhar, como desenvolver um negócio e nem como desenvolver do zero um produto. Quando eu entrei já tinha algumas coisas do circuito, mas eles não estavam funcionando de acordo com as idealizações que o Eduardo tinha pontuado, tinha alguma coisa, mas não funcionava. Tivemos que começar do zero um novo circuito eletrônico.”

Com o produto em mãos e funcionando, o próximo passo era pensar na produção em grande escala e comercialização do produto. Inicialmente, os Eletroblocks eram feitos manualmente, hoje eles contam com o auxílio de uma máquina que posiciona a maioria dos componentes eletrônicos na placa. Com o processo de comercialização, eles vislumbram a placa sendo montada em uma fábrica. “Os componentes eletrônicos já vão estar posicionados nos locais corretos, não vamos precisar fazer essa etapa, quando a placa chegar vamos conseguir dar algumas finalizações, colocando um ou outro componente maior à mão e também finalizando o produto, montando as placas, posicionando nas bases, embalando e fazendo uma limpeza.”, explica a engenheira e empreendedora.

Para a primeira grande venda, os engenheiros e donos da empresa Eletroblocks optaram por um financiamento coletivo no catarse. Por ser um produto que precisa de muitas peças eletrônicas, elementos raros e alto custo de produção individual, eles optaram por iniciar as vendas de cem kits do produto por meio dessa ferramenta de financiamento. “As pessoas compram por lá sabendo que irão esperar a campanha finalizar para depois receber e se a campanha não bater a meta todo mundo recebe o valor de volta. Mas, com bastante felicidade a gente bateu essa meta em duas semanas. Depois do fechamento da campanha e entrega dos kits esperamos já aprender e estruturar o nosso ecommerce, assim a pessoa entra no nosso site, faz a compra e já recebe.” conta Eduardo.

A divulgação dos Eletroblocks é feita por meio das redes sociais. O Instagram dos Eletroblocks é o local onde é criado a maior parte do conteúdo sobre o produto. Além disso, Julia faz vídeos sobre a produção e o manuseio dos produtos em seu canal no Youtube. Os engenheiros e empreendedores do Eletroblocks entendem que precisam criar um conteúdo que passe credibilidade para seu público. “Não há como investir em um material que você não acredita, que não é robusto o suficiente para estar dentro de uma sala de aula.”, Peron enfatiza. “Não podemos ser amadores na divulgação, nosso público é muito exigente são pais, professores e escolas. É uma responsabilidade bem grande tanto pra quem está comprando como pra nós que estamos vendendo.” complementa Gomes.

Olhando para trás, os donos da empresa Eletroblocks percebem que foi um processo longo e de muita aprendizagem. “Se fossemos realmente fazer os eletroblocks do zero, a gente acha que conseguiria fazer isso em meses porque já sabíamos os caminhos, as pessoas, o que precisa e o que não precisa, o tempo, os erros cometidos. Mas, quando começamos do zero sem norte, sem nada pra se basear, temos que criar nossos próprios processos, nossa própria base de conhecimento, errar durante meses para depois perceber quais os caminhos eram mais fáceis.” conclui o engenheiro e empresário.

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