Autora de dissertação pioneira sobre brinquedos de programar para crianças enriquece as discussões no LITE

Tatiane do Rosário, em sua dissertação, estabeleceu parâmetros fundamentais para o uso dos brinquedos na educação infantil. Depois de um período atuando como gestora na rede Municipal de Balneário Camboriú, Tatiane voltou a participar ativamente do grupo de pesquisa do LITE e lembrou de sua trajetória. “Você quer levar crianças de 4/5 anos para frente de uma tela de computador?”, foi a pergunta que o dr. André Raabe, coordenador do LITE, fez quando Rosário compartilhou seu pré-projeto para o mestrado em Educação. A pergunta estava relacionada com uma nova proposta de uso de tecnologia com crianças por meio de brinquedos e não de telas.

A tecnologia está presente cada vez mais cedo na vida do ser humano. A Geração Alpha, que engloba crianças nascidas a partir de 2010, já nasceu inserida na era do smartphone e das redes sociais. É um fato que professores utilizam diversos recursos tecnológicos como auxílio na preparação e ministração de aulas. Entretanto, a intencionalidade no uso desses meios para o desenvolvimento cognitivo e o pensamento computacional é uma área de pesquisa que cresceu nos últimos anos e já trouxe resultados positivos na educação.

Tatiane, 45, é uma entusiasta da tecnologia em sala de aula desde o começo de sua carreira como professora na educação infantil. “Em todas as minhas aulas e em todos os planejamentos estavam incluídos o laboratório, porque eu penso que é uma ferramenta muito poderosa para o professor, e é divertida e atrativa para os alunos.”, conta a mestre em Educação.

Todo o entusiasmo com o assunto e a vontade de aprender mais sobre ele levaram Tatiane ao mestrado em Educação na Universidade do Vale do Itajaí. Logo, ela se identificou com a área tecnológica e trabalhou em seu pré-projeto. Foi nesse momento que Raabe a apresentou a ideia do brinquedo de programar. “A Tatiane foi a primeira pesquisadora que aceitou trabalhar com o tema dos brinquedos de programar. Sendo alguém que tem a formação na área da Pedagogia e já tinha esse gosto pelo trabalho com tecnologia com as crianças, foi um enorme desafio e ela teve muita coragem em aceitar.”, afirma o dr. André. Segundo Rosário, a interdisciplinaridade do projeto e a variedade de idades e fases encontradas no LITE foi o que mais enriqueceu sua vivência naquele ambiente de pesquisa. “Ali você não tinha diferenciação de nível, era todo mundo de igual pra igual aprendendo, trocando experiências, foi maravilhoso!”, relembra a professora.

Para o início de seus estudos ela utilizou uma abelha robô (Bee-bot), esse brinquedo de programar serviu como base para o desenvolvimento do RoPE, o robô de programar do Laboratório de Inovação Tecnológica na Educação. Para o desenvolvimento do RoPE foram necessários pesquisadores de diferentes áreas como Ciência da Computação, Engenharia, Pedagogia e Design. “Foi uma junção das áreas do conhecimento e é isso que eu acho magnífico no LITE. O professor André Raabe juntar todas essas áreas do conhecimento e resultar em trabalhos maravilhosos. É mérito do LITE e do professor André Raabe.”, afirma Tatiane. O LITE fez uma parceria com a prefeitura de Balneário Camboriú, onde Rosário trabalhou como diretora do ensino fundamental até fevereiro desse ano, inicialmente a educação infantil recebeu os RoPE e, recentemente, a parceria se estendeu ao ensino fundamental.

Em sua dissertação de mestrado, Tatiane estudou a interação de crianças, com idade de cinco a seis anos, de uma instituição infantil com o brinquedo de programar. O objetivo geral foi analisar as aprendizagens das crianças em contato com o brinquedo. Na sua pesquisa, orientada pelo professor Raabe, ela chegou a conclusão que o brinquedo de programar ajuda às crianças a usarem o pensamento computacional, planejar, compartilhar, seguir regras, fazer estimativas, além de aprenderem conceitos como noção de espaço, lateralidade, raciocínio lógico e interação. Esse documento está disponível no site da Univali. A dissertação também virou o capítulo “Brincar de programar com Bee-bot na educação infantil” no livro “Computação na Educação Básica: fundamentos e experiências”, organizado por André Raabe, Avelino F. Zorzo e Paulo Blikstein.

Para a professora e mestre em Educação foi muito gratificante ver suas pesquisas se tornarem concretas em sala de aula. Nesse ambiente escolar, os professores exploram esse brinquedo de programar com as crianças e as levam a desenvolver o pensamento computacional e a praticar a resolução de problemas. Ao mesmo tempo que os estudantes têm um momento lúdico, eles estão raciocinando, analisando, projetando e planejando. Para Tatiane, o RoPE é um brinquedo transformador que desafia o pensamento lógico e matemático do aluno. “Eu não vejo mais ele [RoPE] fora das escolas. Eu penso que ele tem muito a se expandir, não só em Balneário Camboriú, mas, pelo potencial desse brinquedo e por ele ser o único no Brasil, todas as crianças deveriam ter essa oportunidade de conhecimento.”, ela conclui.

Hoje, Tatiane atua como orientadora educacional no CEJA de Balneário Camboriú, mas ela não deixou de dar aula para a educação infantil. Ela separou o período da tarde para lecionar, pois vê o ensino como uma realização pessoal. Com tantas conquistas em sua carreira de educadora, a professora acredita que tudo isso é fruto dos estudos. “Eu vejo que quando a gente procura conhecimento e que a gente gosta daquilo que faz, as outras coisas vêm por consequência, você procura os estudos e eles vão te dando oportunidades.”, explica. Rosário enfatiza sua gratidão ao professor André Raabe e toda sua orientação durante a pesquisa. Raabe também destaca a importância da professora para o desenvolvimento do RoPE: “Ela foi pioneira e, a partir do exemplo e da dedicação dela, outras pessoas passaram a enxergar também a viabilidade de fazer essa pesquisa educacional sobre os brinquedos de programar.”

Por acreditar no avanço do projeto, a mestre em Educação voltou para a pesquisa do LITE no primeiro semestre de 2021. Ela entende que é necessário estar atualizada para continuar levando novidades da academia para a escola e levar suas experiências práticas para a academia. Tatiane deseja ver o RoPE sendo utilizado por crianças em todo o Brasil e sendo reconhecido internacionalmente. “Eu digo que é um potencial mundial, nacional ainda vai conseguir, eu não tenho sombra de dúvidas disso, porque eu acredito nele, eu acredito no potencial do brinquedo de programar.”, conta a professora. Ela vê no RoPE uma oportunidade de conhecimento e aprendizado para as crianças brasileiras e é isso que ela valoriza, a educação, que é a área em que ela pretende continuar sempre atuando. “O que eu faço e o que eu quero continuar fazendo é trabalhar na área da educação. Se eu estiver na área da educação, eu estou bem e estou realizada, porque eu amo o que eu faço.”.

Rosário se tornou uma referência no assunto tecnologia na educação. “A Tatiane sempre demonstrou muito empenho, dedicação e amor ao trabalho que ela desenvolveu. Tenho certeza de que o trabalho foi um sucesso graças, principalmente, a todo empenho dela. Ela se transformou no decorrer do mestrado em uma verdadeira Mestre em Educação, uma excelente pesquisadora e alguém que ainda vai chegar muito longe na carreira.”, conclui o coordenador do LITE.

3 pensamentos em “Autora de dissertação pioneira sobre brinquedos de programar para crianças enriquece as discussões no LITE

  1. É fascinante saber que temos profissionais, que com todas suas habilidades transformam o seu amor em grandes aprendizagens. Parabéns … Projeto maravilhoso!!

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