Aprendizado, interação, contato com a educação tecnológica e desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Este é o ambiente que o projeto LITE is cool promove. O projeto é desenvolvido pelo Laboratório de Inovação Tecnológica na Educação (LITE) da Univali, e é coordenado pelo dr. André Raabe. No ano de 2018, o LITE is cool fechou uma parceria com o Atendimento Educacional Especializado (AEE). Então, passou a receber alunos de redes estaduais e particulares.
Por lei, toda escola deve ter um espaço para atendimento de crianças na área da inclusão e também na superdotação. O AEE de Itajaí lida especificamente com estudantes com altas habilidades e superdotação. Os profissionais dessa unidade entraram em contato com a Universidade do Vale do Itajaí buscando ampliação dos recursos humanos e tecnológicos. Dessa forma, surgiu a parceria entre o LITE e a Secretaria da Educação. O LITE possui recursos para estudantes com interesse em inovação tecnológica e educação. Além disso, o projeto LITE is cool trabalha com métodos inovadores como o STEAM e a Cultura Maker, e conta com auxílio socioemocional para os alunos.
A psicóloga educacional e especialista em Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) Renate Raabe conta que entrou no projeto quando foi estabelecida parceria com AEE. Além de trabalhar com a psicologia da educação, ela também traz projetos com o objetivo de trabalhar a criatividade dos estudantes. “Estamos sempre tentando criar motivações extrínsecas. Além das motivações internas deles, eles também têm uma força de motivação externa para que eles possam colocar para fora o que eles têm de melhor.” conta Renate. Ela também explica a importância de orientar os pais a respeito da AH/SD. O apoio familiar é essencial no desenvolvimento dos alunos, assim como a visita nas escolas para conhecer o ambiente e trocar conhecimento com os professores.
Educação Maker e Método STEAM
O Laboratório de Inovação Tecnológica na Educação utiliza como base a educação maker. A cultura maker faz do aluno o protagonista na aprendizagem, isso o dá liberdade para fazer escolhas no seu currículo e buscar seus objetivos segundo as próprias áreas de interesse. O professor se torna um mediador, acompanhado a aprendizagem dos estudantes e os auxiliando a fazer conexões com os conhecimentos científicos. Segundo o Dr. André Raabe, coordenador do LITE, o espaço maker é um local de experimentação de tecnologias, projetos, inovações e invenções.
A sigla STEAM significa em português Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática. Esse método leva o aluno a dar significado para as aprendizagens teóricas de outros conteúdos escolares. “Esse movimento de trazer mais atividades maker, atividades mão na massa e a sigla STEAM estão relacionadas com a percepção de que muitas das atividades que são feitas pelos profissionais que já estão no mercado de trabalho se distanciam daquilo que é feito na escola.” explica o coordenador. Ele acrescenta que atividades como solucionar problemas, monitorar o solo e construir robôs já podem ser iniciadas na escola. Esse tipo de atividade traz benefícios para que os jovens se conectem melhor com as disciplinas tradicionais.
Durante a pandemia
Com a chegada da pandemia de Covid-19, foi necessário adaptar o projeto para o ambiente online. As crianças perderam o acesso ao laboratório do LITE, mas não perderam as experiências de aprendizagem e interação. Os estudantes tiveram acesso a diversas oficinas com professores convidados, transmissões ao vivo e apoio psicológico. Nesse período, Renate deu início ao LITE is cool Laços, um espaço virtual onde os estudantes do projeto podem compartilhar suas angústias, medos e ansiedades durante esse período de isolamento. O LITE is cool também promoveu um concurso de literatura, onde os participantes contaram com um júri de professores e os vencedores foram presenteados com livros de suas escolhas. Portanto, objetivo das atividades durante o isolamento é manter a aprendizagem e estimular a criatividade com materiais acessíveis para qualquer aluno.
A Psicóloga Renate frisou a gratidão da equipe do LITE por todos os professores e profissionais que se voluntariaram para lives e oficinas no ano de 2020. Na tabela abaixo é possível conferir todos os voluntários e membros da equipe que se dispuseram a compartilhar seus saberes com os estudantes.
Oficinas e Lives: Equipe do LITE is cool e voluntários convidados
Psicologia da educação
Renate Raabe, psicóloga, explica que trabalha com a psicologia educacional no projeto. Ela aborda temas básicos e cotidianos com os alunos, trazendo orientação e um espaço de conversa sobre os sentimentos e as consequências de suas ações. Os temas são sempre abordados dentro de contextos vividos pelos estudantes, juntos eles constroem possibilidades, caminhos e chegam a conclusões individuais. A psicóloga afirma que trabalha principalmente o respeito às diferenças, construindo um ambiente de diálogo e compreensão.
O ambiente de troca não beneficia apenas os estudantes que participam, Renate conta que criou uma conexão com cada aluno e é enriquecida por esse convívio. “Eu aprendo muito com cada um dos participantes, com os pais, professores e alunos. Eles me motivam a querer sempre buscar mais para os beneficiar. A partir daquilo que eles me trazem como demanda – uma angústia ou um simples desejo de aprender sobre algo – isso me motiva, isso me dá o gás, me desperta o desejo de pensar soluções. Como eu posso contribuir para esse sujeito para que ele possa se desenvolver da melhor forma possível?”. Sendo presencialmente ou online, a meta principal é o crescimento intelectual e emocional saudável dos estudantes.
A psicóloga conta que as crianças já possuem um vínculo, elas já agem como um coletivo, pensando um no outro e incluindo os novos colegas no ambiente. ” Desde 2018 eu estou com eles, muitos já saíram, novos vão entrando e cada um deles é especial para mim, estou sempre pensando na singularidade e subjetividade daquela pessoa.” completa Renate.
Como fazer parte do projeto
O projeto conta com professores da Univali e universitários bolsistas que passam por uma seleção. Porém, existem palestras e rodas de conversas feitas por professores voluntários. São levados em consideração os interesses específicos dos alunos para a escolha dos temas.
Para uma criança ou adolescente fazer parte do LITE is cool, é necessário que os pais ou responsáveis entrem em contato com a escola. A escola encaminha para o AEE e o aluno passa por um processo de identificação para ser afiliado. Após a afiliação ao AEE, os profissionais entram em contato com o LITE para que o estudante seja encaminhado. Os pais também podem entrar em contato diretamente com o Atendimento Educacional Especializado , mas é importante que a escola seja envolvida nesse processo.